O que é a autoestima?
Quando se olha no espelho, ou apenas pensa sobre quem você é, surge em sua mente um conjunto de ideias para definir seu próprio eu.
Essas ideias são o que chamamos de autoestima, e quando ela está num nível elevado, você se enxerga como uma pessoa que é digna de ter e fazer coisas boas, alguém com valor para o mundo e que se orgulha das próprias escolhas.
Vale lembrar que cada pessoa tem seus pontos positivos e negativos, a diferença é o nosso foco – uma boa autoestima nos leva a valorizar o que fazemos de bom, enquanto uma autoestima baixa prende a nossa atenção no que está errado.
Liliana Guimarães, doutora em Saúde Mental pela UNICAMP, aponta que “profissionais com boa autoestima assumem para si a responsabilidade pelos seus sucessos e fracassos” enquanto aqueles com baixa autoestima “responsabilizam os fatores externos por seus sucessos e fracassos, acreditando que ambos estão fora de seu controle” [1].
A coordenadora de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS, Tatiana Irigaray, vai pelo mesmo caminho, e afirma que “A auto-estima está diretamente relacionada com a resolução dos problemas com os quais a pessoa se defronta.” [2]
Em outras palavras, se está tudo bem com a nossa autoestima, vemos o sucesso como algo merecido, fruto de nosso esforço, e o fracasso como um momento pontual e passageiro, que podemos superar.
Alguém com problemas nessa área vê tudo ao contrário – o sucesso como algo que aconteceu por acaso, sem qualquer influência ou merecimento dela sobre a conquista, e o fracasso como uma consequência direta da “pessoa terrível” que ela é.
Quando e como ela se forma?
Essa noção sobre o próprio valor não é algo que nasce conosco, apesar de sermos pessoas únicas, a nossa percepção individual surge da interação com os outros, começando pelo pai e pela mãe, e seguindo pelas relações com professores, amigos e assim por diante.
Uma visão apoiada por centenas de autores no mundo inteiro é que “crianças não nascem preocupadas em serem boas ou más, espertas ou estúpidas, amáveis ou não. Elas desenvolvem estas idéias. Elas formam auto-imagens […] baseadas fortemente na forma como são tratadas por pessoas significantes”. [3]
É importante saber que esse processo é uma construção, pois uma característica comum entre as pessoas com baixa autoestima é acreditar que nunca serão capazes de desenvolver o orgulho por si mesmas, a menos que uma força externa faça isso por elas.
Felizmente a autoestima é algo que aprendemos, e se ela não foi bem trabalhada durante a infância, ainda podemos cuidar disso ao longo da nossa vida adulta, desenvolvendo a sensação de que somos merecedores de uma vida melhor e a capacidade de lutar por ela.
Quem são os maiores autores nesta área?
A pesquisa sobre autoestima já existe há algumas décadas, e muitos autores dedicaram boa parte de suas vidas à esse propósito.
Stanley Coopersmith é um nome importante, com seu trabalho The antecedents of self-esteem (Os antecedentes da autoestima) publicado ainda em 1967 abordando como se forma a visão que temos sobre nós mesmos a partir da infância.
O sociólogo Morris Rosenberg, criador da Escala da Autoestima de Rosenberg, ferramenta amplamente utilizada para descobrir se uma pessoa tem problemas de autoestima e desenvolvida usando dados de mais de 5000 pessoas, é outro autor fundamental nesse campo.
Atualmente, merece destaque o trabalho da pesquisadora Brené Brown, autora de best-sellers como A Coragem de Ser Imperfeito, que expõe não só a importância da autoestima em nossa vida como fornece caminhos para desenvolver orgulho e confiança sobre nossos atos.
Dicas de como trabalhar a autoestima
Já vimos em teoria que a autoestima pode ser melhorada, trazendo a confiança necessária para partirmos em busca dos nossos objetivos. E na prática, como podemos desenvolver uma visão otimista sobre nós mesmos?
Agora você vai descobrir quatro respostas para essa pergunta – mas atenção, nenhuma delas fará milagres, não há uma “injeção” de autoestima que transforme rapidamente a maneira como você se vê.
Lembre-se que esse processo é um aprendizado, e da mesma forma que você faria se estivesse tentando aprender um idioma ou um instrumento, é necessário ter consistência, praticar de novo e de novo até se tornar mestre da sua autoestima!
1. Foco no que está em seu controle
A primeira coisa que precisamos ter em mente é essa: nossa autoestima deve se basear em algo sob nosso controle.
Jennifer Crocker, psicóloga da Universidade do Michigan que realizou um estudo com 642 alunos, descobriu o seguinte [4]:
Estudantes de faculdade que baseiam seu valor próprio em fontes externas – incluindo aparência, aprovação dos outros e até mesmo sua performance acadêmica – relataram mais estresse, raiva, problemas acadêmicos, conflitos nos relacionamentos, e tiveram maiores nível de uso de drogas e álcool e sintomas de desordens alimentares.
Isso acontece porque os fatores externos são variáveis e se deixarmos a nossa autoestima nas mãos de notas acadêmicas, por exemplo, podemos ir mal numa semana de provas e sofrer as consequências destacadas anteriormente.
Carol Dweck, autora do livro Mindset, A Nova Psicologia do Sucesso, chama esse pensamento de mindset fixo, que está relacionado à nossa identificação com o que somos capazes de fazer hoje – se alguém é inteligente, por exemplo, sorte a dele, e se não é, terá que carregar esse peso pelo resto da vida.
Esse mindset (que pode ser traduzido como mentalidade) se aplica a diversas outras áreas; como os esportes, a música e qualquer outra habilidade. Em resumo, quem tem o mindset fixo acredita que se alguém é bom em algo, é porque nasceu pra isso.
Uma alternativa que pode melhorar a autoestima é o mindset de crescimento, pois ele aponta o foco do nosso orgulho para os esforços que realizamos, e não apenas para os resultados deles.
Se hoje você passou mais tempo lendo ou fazendo exercícios do que ontem, pode considerar isto como uma vitória, e caso algo tenha sido uma barreira para você praticar o que deveria, basta eliminar esse obstáculo amanhã e seguir em frente.
2. Fazer algo maior que si mesmo
A prática de se envolver em atividades que vão além do interesse pessoal também é uma boa maneira de fortalecer a sua autoestima.
É curioso e até estranho como trabalhar para o outro pode melhorar a perspectiva sobre o eu, mas a sensação que surge nas pessoas ao fazer parte de um grupo que busca uma grande meta em benefício comum, segundo Jennifer Crocker, faz com que elas sejam “menos suscetíveis à alguns efeitos negativos de perseguir a autoestima”.
3. Escrever
Uma boa forma de esvaziar a cabeça quando muitos pensamentos estão competindo pela nossa atenção é colocar alguns deles no papel.
Muitas vezes uma situação negativa de grande impacto faz com que a nossa mente entre num ciclo que acaba com a autoestima, algo do tipo: eu fui demitido > se fui demitido, sou um fracassado > se sou um fracassado, mereço ser demitido.
Meyran Boniel-Nissim, da Universidade de Haifa em Israel, diz que nesses casos “escrever um diário pessoal e outras formas de se escrita expressiva são ótimas formas de aliviar angústias emocionais e se sentir melhor” [5].
4. Contato com outras pessoas
Conversar com alguém sobre as coisas que estão roubando sua confiança também é uma forma positiva de amenizar o problema e conseguir se concentrar nos seus pontos fortes, algo que um bom amigo sempre pode ajudar.
O site da Associação Americana de Psicologia aponta um estudo de Meyran e afirma que manter um blog teve um efeito positivo mais forte no bem-estar de estudantes com problemas do que apenas compartilhar suas ansiedades e preocupações em um diário privado [5].
O poder da autoestima em um filme
Um ótimo filme para entender a importância dessa força é O Discurso do Rei, vencedor do oscar de melhor filme em 2011.
Ele conta a história do rei da Inglaterra, George VI (pai da rainha Elizabeth II), o homem mais importante de seu país e possivelmente de toda a Europa, que não conseguia fazer discursos por ser gago.
A gagueira não só dificultava a sua comunicação, como tirava boa parte de sua credibilidade frente ao povo que governava – como o próprio personagem, interpretado por Colin Firth, diz no filme: A nação acredita que quando eu falo, eu falo por eles. Mas nem consigo falar.
O problema é que a gagueira de George era provocada, em grande parte, pela sua falta de autoestima, já que ele tinha medo de ser ridicularizado por conta de sua condição.
Ao tratar a raiz do problema, um fonoaudiólogo no mínimo duvidoso, que também acaba se tornando uma espécie de terapeuta do rei, faz com que ele ganhe confiança e se sinta preparado para realizar o discurso de declaração de guerra contra a Alemanha.
Conclusão
Vimos que a autoestima não é algo com que nascemos, é aprendida como uma habilidade, e caso você tenha uma autoestima baixa, pode trabalhar para torná-la mais forte – os livros de Brené Brown são uma ótima fonte de conteúdo nesse sentido.
Aplique as dicas do artigo para desenvolver o orgulho de si mesmo, e a sensação de que merece criar e receber coisas boas em sua vida: foque no que está em seu controle, participe de projetos com várias pessoas, escreva e se comunique.
E por último, lembre-se que se você tem uma baixa autoestima, isso foi o resultado de vários anos recebendo mensagens negativas.
Portanto, as coisas não irão mudar de uma hora para a outra. Mantenha a consistência dessas práticas, e após alguns dias você vai começar a sentir os resultados!
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Fontes:
[3] Coopersmith, S. (1967). The antecedents of self-esteem.San Francisco: Freeman
[4] http://www.apa.org/monitor/dec02/selfesteem.aspx
[5] http://www.apa.org/news/press/releases/2012/01/blogging-teens.aspx
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