Cada vez mais pessoas estão conectadas no digital. É a chamada “megadigitalização”. Estudar de casa, trabalhar remoto, web reuniões, vídeo chamadas, se relacionar com pessoas através de apps, aplicativos de namoro para conhecer gente, interagir por rede social … tudo isso têm transformado as relações humanas e, com isso, “novos” dramas e dilemas surgem na vida cotidiana das pessoas.
Dentre esses dramas está a solidão. A megadigitalização pode levar ao isolamento social, uma vez que as pessoas passam mais tempo online do que interagindo com outras pessoas
Esse isolamento social e solidão se dão de várias maneiras. Em primeiro lugar, as pessoas estão cada vez mais se comunicando através de dispositivos digitais, como smartphones e computadores, em vez de se encontrarem pessoalmente. Embora essas tecnologias possam ajudar a manter as pessoas conectadas em alguns casos, elas não substituem completamente a interação social face a face, que é importante para o desenvolvimento emocional e social.
Além disso, as redes sociais podem levar as pessoas a se compararem constantemente com os outros, o que pode levar a sentimentos de inadequação e solidão. As pessoas podem se sentir excluídas ou isoladas quando veem seus amigos postando fotos de atividades divertidas que não foram convidados ou não puderam participar.
A solidão e o isolamento social podem ter graves consequências para a saúde mental e física das pessoas.
A solidão tem sido associada a um risco aumentado de depressão, ansiedade, distúrbios do sono e doenças cardíacas.
É importante lembrar que a tecnologia e a megadigitalização não são a única causa de isolamento e solidão, mas pode contribuir para esses problemas se não forem usadas de forma equilibrada e saudável. É importante que as pessoas sejam conscientes de seus hábitos de uso de tecnologia e tomem medidas para manter conexões sociais significativas fora do mundo megadigital.
Excesso de redes sociais e os perigos de se viver uma vida de aparências.
Viver uma vida de aparências nas redes sociais pode ter vários perigos, incluindo:
- Ansiedade e estresse: Quando as pessoas estão sempre tentando manter uma imagem perfeita nas redes sociais, elas podem ficar ansiosas e estressadas sobre como são percebidas pelos outros. Isso pode levar a sentimentos de inadequação e uma pressão constante para se adequar a um padrão inalcançável.
- Baixa autoestima: A comparação constante com os outros nas redes sociais pode levar a sentimentos de inferioridade e baixa autoestima. As pessoas podem se sentir inadequadas ou não suficientemente boas quando comparam suas vidas com as imagens perfeitas que são compartilhadas nas redes sociais.
- Dependência de validação: Quando as pessoas estão constantemente buscando aprovação e validação dos outros nas redes sociais, isso pode levar a um comportamento de dependência emocional.
- Falsidade e desonestidade: Quando as pessoas se concentram apenas em manter uma imagem perfeita nas redes sociais, elas podem acabar sendo desonestas e falsas sobre quem realmente são. Isso pode levar a uma falta de autenticidade e perda de conexão genuína com os outros.
- Cyberbullying (ou ataque de Haters): Ao se expor nas redes as pessoas podem se tornar alvo de críticas e bullying online. Isso pode levar a danos emocionais e psicológicos.
Em resumo, viver uma vida de aparências nas redes sociais pode levar a uma série de problemas emocionais e psicológicos, incluindo ansiedade, baixa autoestima, dependência de validação, desonestidade e ataque de haters. O livro “Apartamento 805”, apesar de não abordar esse assunto de forma direta, mostra como o personagem principal Carlos vai sofrendo alguns desses “danos” psicológicos na medida em que usa muito as redes sociais.
Relacionamentos Afetivos e a Megadigitalização
Já para as pessoas que acreditam no amor e no relacionamento afetivo, a megadigitalização também pode trazer alguns problemas, é o chamado “Efeito Tinder”.
Aplicativos de namoro são verdadeiros catálogos com pessoas de todos os tipos. E quanto mais comum passa a ser o uso de aplicativos de namoro, aumenta no inconsciente coletivo a sensação de que há muitas opções disponíveis, o que pode levar as pessoas a se tornarem menos dispostas a comprometer-se com uma pessoa em particular. Esse fenômeno é conhecido como Efeito Tinder.
O que é o Efeito Tinder?
O efeito Tinder se refere à tendência das pessoas a se tornarem mais seletivas e superficiais na escolha de parceiros românticos, com base em critérios superficiais, como a aparência física, idade e localização geográfica.
Com o uso do Tinder, muitas pessoas têm acesso a uma ampla variedade de opções de namoro, mas também podem sentir a pressão de tomar decisões rápidas e baseadas em aparências. Isso pode levar a um aumento da superficialidade nas interações interpessoais e a uma tendência para descartar rapidamente as pessoas que não atendem às expectativas superficiais.
Além disso, o efeito Tinder pode ter um impacto negativo na autoestima e autoconfiança das pessoas, especialmente aquelas que são rejeitadas ou não correspondidas em suas tentativas de conexão.
Já para as pessoas que são consideradas muito bonitas, o efeito Tinder também pode ser danoso. Embora a aparência física possa aumentar as chances de ter mais correspondências e encontros, muitas vezes pode levar a uma experiência superficial e vazia de conexão emocional com outras pessoas. A facilidade leva a uma falta de comprometimento.
As pessoas bonitas podem receber uma grande quantidade de atenção e mensagens, o que pode levar a um sentimento de exaustão ou sobrecarga, ou ainda, levar a uma pressão para manter uma imagem perfeita nas fotos e nas interações no aplicativo.
Ainda, o uso excessivo de aplicativos de namoro também pode levar ao vício em tecnologia e à falta de habilidades sociais em situações de namoro e interação cara a cara.
Apesar do efeito Tinder não ser universalmente observado e poder variar de acordo com as pessoas e suas experiências individuais, é um fenômeno que precisa ser debatido.
No Livro “Apartamento 805” vemos o quanto o “efeito Tinder” afeta o personagem principal Carlos e como isso atrapalha suas relações afetivas.
Modernidade Líquida e a megadigitalização
O conceito de “modernidade líquida” de Zygmunt Bauman é frequentemente utilizado para descrever a sociedade contemporânea e suas características fluidas, instáveis e mutáveis. Bauman argumenta que na modernidade líquida, as pessoas experimentam um senso de incerteza e insegurança, e muitas vezes recorrem a soluções temporárias e superficiais para lidar com essas incertezas.
O uso de aplicativos de namoro, como o Tinder, e a expansão do uso das redes sociais são exemplos dessa lógica de modernidade líquida. O fato é que, com o aumento da tecnologia e da megadigitalização, percebemos nas pessoas um maior foco em conexões superficiais e temporárias, em detrimento de relacionamentos mais profundos e duradouros.
Dica de livro para aprofundar no tema da Megadigitalização
Portanto, quando se fala do mundo megadigital moderno, existe muito debate a ser feito no campo da sociologia, filosofia e psicologia. Chega a ser um debate complexo demais para ser compreendido em sua totalidade em um post deste blog.
Contudo, tendo em vista que o ser humano aprende muito bem através de histórias, uma ótima maneira de explorar mais o tema é através do livro “Apartamento 805”. O desenrolar da história provoca reflexões sobre esse tema de uma forma personificada. Ao criarmos empatia e identificação com o personagem principal, é possível vivenciar os dramas e conflitos internos como se nós mesmos estivéssemos passando por eles, o que nos traz emoções e aprendizado de uma maneira vivencial.
Caso tenha se interessado no livro, dê uma olhada no vídeo abaixo que fala sobre a sinopse do Livro Apartamento 805.
Espero que este post tenha ajudado nas suas reflexões e na Sua Evolução!
Boa jornada!
Grande abraço,
Luiz Perrotta