O mundo mudou. E os Designers vão se dar bem. E não falo de Design Gráfico…
Antigamente os dados não eram precisos. Um mapa de antigamente, por exemplo, era desenhado cheio de figuras abstratas, pois os autores não conheciam exatamente o que estavam cartografando. Usava-se a imaginação.
Atualmente os dados são muito precisos, em tempo real, o tempo todo e num volume absurdo. Nós simplesmente não temos capacidade de processar tamanha quantidade de dados.
A conectividade e a complexidade das informações são muito maiores do que nossa capacidade de processamento.
Eis um dos motivos de tanta gente estressada, ansiosa e confusa por aí.
Neste contexto, as máquinas e robôs são necessários para processar todos esses dados.
E o que sobra para nós?
Saber dar sentido e interpretar esses dados.
Para isso, é preciso ter capacidade de refinar e filtrar informações. Ainda, Pensamento analítico, Pensamento Sistêmico e Criatividade são também competências necessárias.
“Modelos estáticos não funcionam em um mundo dinâmico”.
De criadores de Dados (Data Makers) à Interpretadores de Dados (Sense Makers)
Nós somos Data makers (criadores de dados). Basta ver a quantidade de mensagens e áudios que você envia por whatsapp todos os dias, fora os e-mails, comentários em vídeos, Linkedin, Instagram… enfim, você cria muitos megabytes de dados diários.
Agora precisamos aprender a ser Sense Makers (Interpretar e dar significado a todos os dados e eventos que acontecem ao nosso redor). É preciso buscar novas perguntas, porque respostas o Google dá. São as perguntas que movem o mundo atual.
E um Designer Raiz é ótimo em fazer perguntas, interpretar dados e atribuir verdadeiros significados aos acontecimentos.
Vou dar um exemplo para ficar mais claro.
Exemplo de como um Designer Thinker pensa
Se você está aqui no Brasil e alguém te pergunta: “Vou viajar para um desses dois lugares: Madagascar ou Sidney. Escolherei o que for mais perto. Para onde devo ir?”
O que você responderia?
Se você responder Madagascar, você vai estar pensando de maneira igual a todo mundo, inclusive igual ao Google e a outras máquinas. É nessa hora que eu digo que você precisa ser um designer.
Afinal, a função de um Designer (seja de interiores, de sistemas, gráfico, ou qualquer outro designer de ofício) é interpretar, projetar, intervir e implementar soluções inovadoras. Para tanto, ele pesquisa e estuda a complexidade das atividades do ser humano, considerando os aspectos: Tecnológicos, Étnicos, Geográficos, Cognitivos, Situacionais e os relativos ao meio ambiente e à saúde.
Logo, quando digo que precisamos ser designers (no sentido raiz do termo), é que precisamos entender e interpretar as situações com uma cabeça inovadora, exercitando a empatia.
Voltando à pergunta sobre o lugar mais próximo entre Sidney e Madagascar, veja os mapas abaixo.
Para ir à Austrália, ela leva 22 horas. Por outro lado, para ir para Madagascar, ela precisa passar pela Índia, depois pegar um navio e aí sim chegar em Madagascar. Esse é o trajeto mais rápido e leva 23 horas.
Logo, Sidney seria a resposta mais empática e que facilitaria a vida dessa pessoa.
O Surgimento do Design Mindset / Design Thinking
Um Designer é um tradutor de dados.
Designer não é sinônimo de Designer Gráfico.
Tem gente que domina brilhantemente ferramentas como photoshop e Adobe Illustrator, mas não sabe fazer um bom sensemaking (atribuir significados e dar sentido aos dados e eventos). Esse cara seria uma espécie de Técnico em Ferramentas Gráficas, e não um designer raiz.
Porque um designer raiz é aquele que transforma uma situação atual numa situação desejada, como no exemplo Madagascar-Sidney.
Designer é um modelo mental. Assim surgiu o termo “Design mindset” (ou Design Thinking), cuja proposta é difundir essa forma inovadora e empática de pensar.
Conclusão
Se você não sabe desenhar, não sabe mexer em photoshop, não sabe nada de infografia e não entende uma virgula sequer da parte visual, isso não significa que você não possa ser um designer raiz.
É claro que modelos visuais ajudam as pessoas a criarem e testarem hipóteses, comunicar resultados, compartilhar visões e desafiar crenças. Mas é sempre possível contratar alguém que entende de desenho (o famoso Técnico em ferramentas gráficas). O mais importante é pensar como um designer Raiz, isto é, de forma criativa e interpretando além dos dados.
“A simplicidade consiste em subtrair o óbvio e colocar em evidência o que tem significado.”
John Maeda
Portanto, desenvolva seu Design Mindset e o seu Design thinking e esteja preparado para as habilidades do futuro!
Boa Sorte!
Fontes:
- 1 4 competências de um líder segundo o MIT <https://resources.saylor.org/wwwresources/archived/site/wp-content/uploads/2013/09/Saylor.orgs-The-4-Capabilities-of-Leadership.pdf>
- 2 SENSEMAKING – Framing and Acting in the Unknown, Debora Ancona, MIT. <https://www.sagepub.com/sites/default/files/upm-binaries/42924_1.pdf>
- 3 “Making Sense of sensemaking 1,KLEIN et al, 2006A
- 4Palestra Denise Eler no SEBRAE.